Celular pode afetar o desempenho da memória e interesse nos estudos, diz especialista

O celular que facilita a vida em diversos aspectos, como fazer chamadas, enviar mensagens, usar o GPS, compras, transações bancárias, entre outras ações, necessita que a sua utilização seja feita com inteligência, para não afetar negativamente algumas funções necessárias do cérebro. O uso excessivo pode ser nocivo, inclusive para os estudos.

A neurociência coletou dados importantes e que chamam atenção para esses danos. Segundo o pesquisador Renato Alves, os exemplos aparecem em costumes aparentemente inofensivos. “A calculadora do celular, por exemplo, é uma aliada para confirmar os resultados de uma conta complexa do trabalho ou da faculdade, mas a partir do momento em que ela começa a substituir a capacidade lógico-matemática, isso se torna um problema”, alerta.

O motivo, de acordo com o especialista, é que quanto mais se usa a calculadora, mais lento o cérebro fica. “E quando as pessoas precisam fazer uma conta e não tiverem nenhuma calculadora por perto, o cérebro vai demorar mais para raciocinar”, revela.

Nesse mesmo contexto, a memorização pode ser afetada. “Até poucos anos atrás era preciso estimular a própria memória para encontrar um número de telefone e conseguir ligar para alguém. Agora, isso acontece com um único clique, ou dando um comando de voz. Ou seja, estamos perdendo a habilidade de guardar números na memória”, constata.

Para o pesquisador, o celular se tornou um ‘sequestrador de atenção’. “Quantas vezes alguém estava fazendo algo importante e bastou chegar uma notificação para perder o foco e começar a vagar sem rumo pelas redes sociais? Esses alertas que chegam de forma constante no celular funcionam como um gatilho neurológico”, adverte.

O problema é que esse gatilho não tem hora para disparar. “E cada vez que chegar uma notificação ou uma mensagem, o usuário vai receber uma descarga de  hormônios como o cortisol, quando reconhece que o conteúdo da mensagem é algo estressante ou de dopamina, quando o assunto for causa de prazer e bem-estar”, explica o especialista.

A dopamina, assim como o efeito das drogas no cérebro, provoca uma vontade maior de utilizar o celular, funcionando como um verdadeiro estímulo. “Ou seja, antes, 15 minutos no celular eram suficientes para provocar satisfação e agora são necessárias horas para conseguir atingir essa sensação”, analisa.

Circular pela casa com o celular nas mãos, checando-o todo o tempo, provoca uma perda de 40% do tempo produtivo do cérebro. Há, também o risco de entrar em estado de preguiça mental.

Como evitar?

“Na verdade, a resposta é bem simples: assumir o controle, ou seja, equilibrar a vida com o uso da tecnologia. Uma forma de atingir esse objetivo é deletar os aplicativos que drenam a sua energia e também restringir o uso do celular em momentos em que a atenção é crucial, como, por exemplo, durante os estudos. Para fazer isso, é possível colocar o celular em outro cômodo ou desligá-lo enquanto estiver lendo ou estudando”, recomenda.

Da Redação / CidadeVerde

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